Segundo tenente-coronel, estabelecimento não tinha Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros aprovado; ninguém ficou ferido.
Um incêndio de grandes proporções destruiu mais da metade da estrutura do prédio do Mercado Municipal de Santo Amaro, na zona sul da capital paulista, na madrugada desta segunda-feira, 25. O Corpo de Bombeiros foi acionado por volta das 3h30 e levou em torno de duas horas para controlar o fogo. Ninguém ficou ferido.

Mercado Municipal de Santo Amaro. As causas do início das chamas ainda serão investigadas Foto: Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo
Uma equipe de 50 bombeiros e 17 viaturas trabalhou no combate às chamas no local, na Rua Ministro Roberto Cardoso Alves. O trabalho de rescaldo continuou até o início da tarde, e o trânsito no entorno foi interditado para a operação.
O tenente-coronel Marcelo Higino Alves da Silveira, comandante da Emergência do 4º Grupamento de Bombeiros da Zona Sul, declarou que o estabelecimento não tinha Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) aprovado. Segundo ele, cerca de 50% a 60% do mercado foi destruído.
A aposentada Astrid Fernandes, moradora de um prédio vizinho, afirmou que o porteiro ligou às 3h30 para os condôminos retirarem os carros estacionados nas vagas em frente ao mercado.
“Quando eu abri a janela já vi muito fogo. Eram labaredas enormes”, disse Astrid. “Acredito que a Prefeitura tem que restabelecer o local o mais rápido possível e ver de quem é a responsabilidade.”

O Mercado de Santo Amaro tinha 26 boxes Foto: Ana Paula Niederauer/Estadão
Prejuízo
Proprietário de um comércio de grãos importados há 16 anos, Manoel Serra estimou que o prejuízo com o incêndio possa chegar a R$ 1 milhão. “Eu vou pegar o auxílio do contador e ver o que posso fazer para os funcionários. Nunca passei por isso. Não posso deixá-los na mão.”
Já Amadeu Martins Rosa, proprietário de uma loja de bebidas há 20 anos, espera que a reconstrução do mercado aconteça antes do fim do ano. “Espero que até dezembro o mercado volte a funcionar. Senão trabalharmos no mês de dezembro, vamos nos prejudicar e muito. É um mês de grande movimentação”, afirmou.
A secretária municipal de Trabalho e Empreendedorismo, Aline Cardoso, afirmou que a Prefeitura se sensibilizou com a situação e que está dando apoio aos permissionários.
“Há um compromisso de apoio para que o mercado seja restabelecido o mais rápido possível. Além dos recursos próprios iremos buscar apoio do setor privado”, disse a secretária. “Queremos viabilizar um espaço provisório para acolher os permissionários enquanto o mercado estiver sendo reformado.”
Já o prefeito regional de Santo Amaro, Roberto Arantes, anunciou a criação de um comitê de crise a pedido do prefeito João Doria (PSDB) para traçar as estratégias de recuperação do local. “Foi uma fatalidade e iremos analisar a estrutura para que possamos restabelecer o mais rápido possível”, disse Arantes.
Temor
A presidente da Associação dos Permissionários do Mercado de Santo Amaro, Fátima Habimorad, afirmou ter medo de que o estabelecimento seja privatizado após a reforma.
“Tenho muito medo da privatização após a revitalização do local, mas acredito que o prefeito Doria não vai fazer uma medida tão impopular como essa”, disse Fátima. “Penso que o prefeito irá fazer o contrário, não vai nos deixar nessa hora.”
O “sacolão” de comércio popular funciona desde 1958 no prédio entre as Ruas Padre José de Anchieta e Ministro Roberto Cardoso Alves, no bairro de Santo Amaro. No local, 26 estabelecimentos ofereciam frutas e verduras, carnes, flores, lanches, entre outros produtos e serviços, conforme a associação de permissionários que administra o mercado.
Muitos lojistas permanecem acompanhando o trabalho dos bombeiros e relataram não ter garantia de seguro contra danos à construção. Após o rescaldo do incêndio, o prédio será vistoriado para que a extensão dos estragos seja levantada e comece a investigação. O Corpo de Bombeiros não descarta nenhuma hipótese para as causas do incêndio até o momento.
Fonte: Estadão